Arthur, 1 ano e 10 meses e muita, muita independência. Tanta independência que as professoras da creche dele toda hora me falam que ele teve a adaptação mais fácil de toda a turma. Em menos de uma semana eu deixava ele na sala e em menos de 5 minutos ele já estava brincando, olhando para a minha cara e dando um “bye, mamain”, praticamente me expulsando do seu novo mundinho.
A primeira vez que eu entendi que ele não se importou com a minha ausência na creche, eu não consegui sentir tristeza ou melancolia. Culpa, sim, porque mãe sempre se culpa de tudo. Mas assim que fechei a porta da sala e me encaminhei para a saída da escola, meu coração se preencheu de felicidade, orgulho e calma. Fico fascinada em ver um ser humaninho tão pequeno já com tanto poder de socialização, de interesse, de curiosidade por tudo que o mundo pode oferecer. No fim das contas, a gente cria para o mundo, né. Filho não é feito para botar num potinho, por mais que as vezes a gente tenha vontade disso.
Ele é o tipo de criança que se está tendo dificuldades de executar alguma ação, não deixa que ninguém ajude (mas não tem problemas em pedir ajuda, pelo menos isso). Que quer andar sozinho, correr sem ter ninguém por perto, até mesmo nadar sozinho – por mais que ele não saiba executar essa função sem ajuda de uma professora ou de um adulto. Capricorniano, né.
É um aprendizado diário, meu e dele. Dar espaço para que ele cometa seus próprios erros e aprenda com eles. Saber dar um passo para trás e ver o que vai acontecer. Saber ser paciente, e saber quando estar presente nas horas necessárias. Por mais independência que exista nessa cabecinha de criança, ainda existe a vontade de pedir ajuda, a mão ou simplesmente de querer ficar junto. E quando acontece é genuino, não é forçado e nem imposto.

Foto: Adriana Carolina
Quando está no meio de muitas pessoas, ele escolhe minuciosamente a vítima da vez a ponto de grudar e não querer largar, ignorando pai e mãe. “Arthur, quer vir no colo? – NHÃO”. Ok, com isso ainda não me acostumei tanto.
Por um tempo eu evitava dizer o quanto eu gosto dessa fase independente. Queria fazer parte do time das mães que sofrem com essa ruptura do cordão umbilical emocional, mas a verdade é que eu nunca fui essa pessoa. Me sentia culpada (obvio, novamente) por não me sentir assim, por ter vontade achar incrível vê-lo sendo cada dia mais…ele. Acho fascinante acompanhar as descobertas de sua personalidade, e se isso implica em me ver cada dia menos necessária, eu acho um ótimo preço a se pagar. E não me entendam mal, não digo isso como se eu quisesse me livrar, significa que meu trabalho como mãe está sendo bem feito.
Pode ser que eu mude de opinião em algum futuro próximo, pode ser que daqui a alguns anos, quando ele já tiver a sua vida (e algo me diz que vai ser de repente e em algum lugar não tão perto – inclusive já estou me preparando piscologicamente para isso), eu fique saudosa das fases que ele precisava mais de mim, da falta de independência. Mas por enquanto, quero mais é que ele ganhe o mundo.